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INFO Dezembro2017 2 Jornadas da Qualidade e Segurança do Doente do IPO de Coimbra




















As principais localizações das IACS, consoante a biblio- Em 2017 os custos calculados pelo Center for Disease
grafa pesquisada, são as vias respiratórias e as vias Control, nos Estados Unidos da América (EUA), relati-
urinárias. vos a IU associadas CV em unidades de internamento
hospitalar foram entre 862 a 1.007 dólares america-
Os microrganismos mais frequentemente isolados são nos. No mesmo ano foram gastos entre 390.000.000
Staphylococcus aureos resistentes à meticilina (nas e 450.000.000 dólares americanos. Embora não tenha
vias respiratórias) e Escherichia coli, Staphylococcus sido a infeção mais dispendiosa, a IU associada a CV foi
saprophyticus, Proteus sp., Klebesiella sp. e Enterococ- a mais frequente.
cus faecalis (nas vias urinárias).
As consequências da IU associada ao CV são várias.
A problemática das IACS é silenciosa e desvalorizada. Entre elas:
Para se ter uma ideia, em Portugal, por ano, morre-se 7,2 Desconforto do doente
vezes mais de IACS do que de acidentes de viação. Contas Aumento do tempo de internamento
feitas, morrem diariamente 12,6 doentes devido a IACS. Aumento do consumo de antibióticos
Aumento de infeções secundárias
A resistência aos antimicrobianos tem sido uma preocu- Aumento das horas necessárias para cuidados ao
pação crescente. Acredita-se que se não forem encon- doente
trados novos antibióticos podem morrer anualmente Aumento de vigilância e acompanhamento médico
390.000 pessoas em 2050 só na UE. Estimativas apon- Aumento de exames complementares de diagnóstico
tam para que 10000000 de pessoas em todo o mundo
possam morrer devido à resistência aos antimicrobianos Os fatores de risco para desenvolvimento de IU associa-
em 2050. da a CV são (os fatores passíveis de modifcação estão
sinalizados com *):
A prescrição de antibióticos perante bacteriúria assinto- Cateterismo vesical, mesmo que intermitente*
mática não deve acontecer. Se a bacteriúria for sintomá- Cateterismo prolongado*
tica deve ser tratada com antibiótico de baixo espectro, Idade avançada
baseado na cultura da urina e no perfl de sensibilidade. Sexo feminino
Admissão pela urgência
As infeções urinárias (IU) são das mais frequentes e au- Défce imunitário
mentam em 2,4 dias o internamento de doentes cirúr- Descontinuidade do sistema de drenagem*
gicos. 17% das bacteriemias nosocomiais são de fonte Incontinência
urinária e têm uma mortalidade associada de 10%. No Manipulação inadequada*
entanto, as IU têm baixa morbilidade comparativamente Histórico de procedimentos cirúrgicos às vias urinárias
a outra IACS.
Acredita-se que entre 17% a 69% das IU associadas a
De todas as IU, ente 70% a 80% são devidas à presen- CV podem ser prevenidas com o cumprimento de reco-
ça de cateter vesical (CV). mendações de controlo de infeção.

Entre 16% a 25% dos adultos hospitalizados sofrem, em Embora existem diferentes culturas nos hospitais, no
algum momento, cateterização vesical. O risco de adqui- que respeita a quem inicia o processo para a cateteriza-
rir bacteriúria aumenta entre 3% a 7% por cada dia de ção vesical, o que importa é que a cateterização deve ser
cateterização vesical contínua. O crescimento bacteriano evitada a todo o custo e só em situações bem defnidas é
ao longo da uretra e após introdução do CV é de 5% a que deve ser realizada.
10% ao dia. Isto signifca que ao fnal de 4 semanas o nú-
mero de bactérias aumentou 100%, seja fora endógena As indicações para cateterização são:
ou exógena. A prevalência de IU não associada a CV é 8,2 Doentes com impossibilidade de micção espontânea
vezes menor comparativamente às IU associadas a CV. Doentes graves, em unidades de cuidados intensivos




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